sábado, 15 de maio de 2010

3º Plano Nacional do Desculpa Qualquer Coisa

O governo não recuou quanto ao 3º Plano Nacional dos Direitos Humanos. Ele desistiu e pediu desculpas. Isso porque as alterações que foram feitas mudam completamente o seu rumo. Só faltou alguém de lá falar "desculpa qualquer coisa".

Mais lamentável foi o recuo quanto à Ditadura Militar. O veto à ruas com nome de torturadores (ou autoridades que permitiram a tortura) caiu. Com isso, continuam existindo as Av Geisel, Médici, Figueiredo e vai saber lá quanto generais.

E olha que essa era a medida mais 'branda' contra contra a 'dura'. Afinal de contas, o PNDH não pode pedir o julgamento de militares porque a Lei da Anistia foi mantida pelo Supremo Tribunal Federal, numa decisão que deve levar o Brasil à julgamento pela Organização dos Estados Americanos, através da Corte Interamericana (advinha do que!!!) dos Direitos Humanos (ah, vá!).

Por falar nesta decisão do STF, o argumento de que a anistia veio para os dois lados, sendo por tanto "ampla" cai por terra, como se pode ver em reportagem da revista Carta Capital nº 595, 12 de maio. Militares acusados de subversivos, foram 'educadamente' afastados durante o Regime (de emagrecimento moral) e ainda não conseguiram reaver seus direitos.

Voltando ao Plano (que virou Plano de fuga), caiu também o "controle sobre a mídia", que obrigava aos veículos da mídia a acatar (advinha quem???) os Direitos Humanos. Vestindo a carapuça, o veículos rebateram dizendo que isso era uma censura. Poderiam ter limpado sua barra dizendo "Ué? Mas porque se eu já cumpro os Direitos Humanos?".

Além disso, a mídia majoritária se esforça em dar a entender que o "acompanhamento editorial" não é simplesmente um fulano assistindo tv e anotando o que foi ofensivo aos Direitos Humanos, mas sim, um homem carrancudo de olhar amedrontador acompanhando a produção jornalística de uma empresa de dentro da sala da redação, da sala da diretoria e da sala de reuniões.

Para completar, a pressão da Igreja Católica (que não costuma pressionar com mesmo empenho os... ah deixa pra lá) derrubou a proibição de símbolos religiosos em locais públicos. Imagine um comentarista esportivo, num programa de TV analisando um jogo vestindo o uniforme de um time. Agora imagine um umbandista sendo julgado num tribunal que expõe em destaque uma cruz.

Pra quem leu até o fim, obrigado, e desculpa qualquer coisa.


Um comentário:

Unknown disse...

Só faria uma correção em relação ao Presidente Figueiredo. Embora se trate de mais um General 5 Estrelas nomeado presidente, foi o que se mostrou mais disposto a terminar o ciclo da ditadura.

Foi no governo dele que ocorreram as grandes manifestações pelas DIRETAS JÁ, houve a primeira votação no congresso das eleições diretas, embora não aprovada.
Fosse alguns anos antes, saberiamos como tudo isso acabaria: cacetete, prisões, etc, etc, o que não ocorreu.

A a campanha pela "ANISTIA GERAL AMPLA E IRRESTRITA" iniciou-se antes, mas as grandes manifestações também ocorreram no seu governo e ele "sabia que seu papel era encaminhar o processo de abertura" - vide: "http://opiniaoenoticia.com.br/brasil/nacional/anistia-ampla-geral-irrestrita/" - não repreendeu.

Também foi o autor da famosa frase "Hei de fazer deste país uma democracia".

Manifestou decepção ao saber que não poderia transferir a faixa presidencial ao então presidente eleito Tancredo Neves.

Finalmente, eu teria orgulho de morar na Rua Presidente Figueiredo.