terça-feira, 18 de outubro de 2011

A morte de Dan Wheldon e a insensatez da Indy


A etapa de Las Vegas da Fórmula Indy acabou manchada por uma tragédia – a morte do campeão de 2005, Dan Wheldon. Isso me faz pensar o quão insensato é usar o termo “tragédia” para falar do Maracanaço de 1950 ou da eliminação do Brasil para a Itália em 1982. São derrotas tão comuns ao esporte e que nada se assemelham ao uma morte.
O acidente está entre a falta de segurança e a fatalidade. O destino no fato de a batida ter vitimado justo o piloto convidado, que estava no fundo do grid. Mas por mais que existam proteções na mureta no circuito oval, e por mais que os carros obedeçam parâmetros de segurança, o mega-acidente envolvendo quinze carros poderia ter matado outros pilotos. Basta dar uma olhada nas imagens para perceber isso.
A Fórmula Indy é muito insegura. É o que comprova o saldo de morte de 1999 para cá. Greg Moore, Paul Dana, Tony Renna e Gonzalo Rodrigues perderam suas vidas, os três primeiros em circuitos ovais. No comparativo inevitável com a Fórmula-1, de 1994 (quando morreram Senna e Roland Ratzenberger no mesmo fim de semana) para cá, nenhum piloto morreu.
Depois do Grande Prêmio de Imola, pilotos, torcida e organizadores ficaram sensibilizados pela morte de Ayrton Senna. Foi preciso um fim de semana trágico, com a morte de um tricampeão, para que medidas de segurança fossem imediatamente tomadas.
Não se pode dizer que a categoria comandada pela FIA seja à prova de fatalidades. Por muito pouco – pouco mesmo – Felipe Massa não perdeu sua vida na Hungria em 2009, e em muitos outros acidentes um detalhezinho, como uma mola ou um pedaço de carro voando, poderia encurtar a carreira de algum piloto.
Mas não é o acontece na Indy. Não são detalhes. Os carros correm em circuitos inclinados, o que os torna uma flecha em potência contra o muro se alguma coisa der errado. A velocidade passa de 330 km/h e mais de trinta carros dividem a pista em infinitas relargadas.
Critica-se o exagero de regras da F-1, responsável por tornar as corridas chatas, o que realmente aconteceu em 1996 e 1997. Mas isso se deu por causa de vários fatores e basta lembrar que 2011 teve corridas espetaculares e nenhum acidente mais grave.

Espera-se que a morte de piloto prestigiado sirva de lição para o automobilismo norte-americano pisar no freio.

Para homenagear a carreira do piloto inglês Dan Wheldon, fica a frase/trocadilho que seus engenheiros gritavam quando ele vencia corridas: “Well done!” (Bom trabalho!).

domingo, 9 de outubro de 2011

Não se emende

Muito cuidado com o que vai falar na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Tem deputado estadual que sai correndo quando alguém pergunta se ele vai emendar o feriado da quarta.

Com essas denúncias de venda de emendas parlamentares qualquer resposta pode causa rebuliço.

Injustiças do Nobel

Dá para acreditar que o Nobel da Química não foi para os engenheiros que construíram o Center Norte? Afinal, eles são os responsáveis pela maior dinamite do mundo, aperfeiçoando o invento do cientista sueco que dá nome à premiação.

Deve ser bullying com o Brasil, porque não rolou nem uma menção honrosa ao Toddynho Caústico do Rio Grande do Sul.

O Nobel de Medicina também foi outra injustiça. Como acreditar que os médicos legistas que não encontraram drogas no organismo de Amy Winehouse não foram agraciados com a honraria?

E será que essa história de dividir o Nobel da Paz entre três mulheres não dá briga?

sábado, 1 de outubro de 2011

Em defesa do Pop in Rio

Uma das críticas mais comuns dos últimos dias no circuito musical é essa: o excesso de bandas de “não-rock” no festival Rock in Rio. O estilo musical foi deixado de lado pela organização do evento para dar espaço a outras atrações de maior lucratividade. Esse é o argumento. Não concordo com esse tipo de visão e sou a favor da miscelânea de estilos em um evento cultural, mesmo que ele carregue uma particularidade em seu título. Além disso, não existem mais tantas bandas de rock de peso como nos anos 80 e 90 e são poucas as realmente boas que ficaram de fora este ano (a maioria da velha guarda, como AC/DC, Aerosmith e Iron Maiden).

Como assim Kate Perry, Kesha, Claudia Leite e Ivete Sangalo? No caso de Claudia Leite, aconteceram as previstas vaias do público roqueiro. 

Agora me explique: o que esses roqueiros foram fazer lá? Parece meio masoquista uma pessoa ir para perto do palco para ouvir uma atração musical de um estilo que odeia apenas para ter a oportunidade de desaprovar o que já desaprovava antes. A programação foi divulgada há meses. Elas não entraram no lugar de bandas de rock. Foram lá fazer a parte delas.

Outra coisa que me desanima é ver o argumento de sempre: rock é rock. Como se fosse algo pronto e acabado em que não se pode interferir. Não. Rock não é rock. É uma porção de vários estilos: blues, jazz, country (no início) e depois pop, sertanejo, forró e seja mais o que for. Tudo é válido.

Essa ideia da mistura é válida ainda mais quando se fala no Brasil. Caetano Veloso foi vaiado em um festival porque sua banda tinha guitarra (algo antinacionalista!). O mesmo aconteceu com Raul Seixas (RAUL SEIXAS!) quando tentou concorrer em um concurso de música brasileira, porque sua música era um rock em inglês – misturado com um bailão em português (Let me sing, Let me sing). 

O rock usa diversos outros estilos e ninguém reclama. Led Zeppelin buscar inspiração no reggae para compor Dyer Maker é genialidade. Claudia Leite tocar Dyer Maker é um pecado mortal? Não é por aí.
Sou roqueiro, antes de mais nada. Minhas bandas favoritas são o Guns ‘n’ Roses, Kiss, Led Zeppelin, Beatles, Titãs e outras do gênero, mas não acho que a segregação seja o caminho. 

Infelizmente existe uma cultura de alguns roqueiros de desprezo pelo outro estilo musical. Não se trata de pedir para trocar a música ou desprestigiar o cantor e sim de casos de agressão e morte entre fãs de diferentes tipos de rock e de outros estilos musicais. Algo impensável.