quinta-feira, 18 de junho de 2009

A choradeira do diploma

STF põe fim à obrigatoriedade do diploma de jornalismo. Fim de um entulho da ditadura? Fim da profissão de jornalismo? Nem um, nem outro. É só falação.

Para começar, como assim entulho da ditadura? Então exigir diploma é algo antidemocrático? Faculdade de Jornalismo é algo elitista? Diria que é, mas longe de ser uma antidemocracia. Aliás, essa palavrinha mágica, a tal "Democracia" é tão mal utilizada pelos próprios jornalistas (nem se fala em políticos).

Mas e aí? Todo mundo é jornalista? Óbvio que não. Todo mundo é professor de educação física? Todo mundo é técnico de rádio? Bom, eu não.

E antes de cair a obrigatoriedade? Quer dizer que antes era tudo tão lindo? Ético? O que tinha de jornalista que não fez faculdade exercendo a profissão... O que veio agora foi uma oficialização disso. Isso vai representar uma desvalorização da profissão? Vai haver exploração do trabalhador, menores salários? Bom, que eu saiba isso já existia... A coisa que eu mais escutava de jornalista era que trabalhavam por mais de 10h dia, e ganhavam mal. A exigência do diploma, enquanto durou, não criou um paraíso.

Tudo bem... e o cuidado com a notícia? Bom... é fácil falar que nos Estados Unidos, que possue uma imprensa bem mais democrática que a nossa, não há obrigatoriedade do diploma. Mas Brasil não são os Estados Unidos. Não se compara uma república (eu falando isso toda hora, ai ai) de 25 anos com uma de mais de 200.

Fazer o curso de jornalismo não vai fazer com que 100% dos profissionais ajam com maior seriedade e ética ao escrever uma matéria. Mas convenhamos que faculdade de jornalismo que praticamente são técnicas e pouco ensinam de teoria não melhoram a qualidade de um texto jornalismo... as vezes, longe disso.

Mesmo assim, o que se aprende na teoria numa faculdade (e que fora dela é tratado como "perfumaria", algo desnecessário) amplia em muito o horizonte de um profissional, evitando que ele se torne, como alguns queiram, um mero digitador.

Pelo menos jornalismo virou assunto (e olha que pra jornal falar de jornalismo é um sacrifício). Mesmo assim, é preciso refletir sobre o fim da obrigatoriedade do diploma, sobre a qualidade de uma faculdade de jornalismo e sobre o que se entende por democracia.

Ah... não. Eu não me considero jornalista.

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