sexta-feira, 30 de abril de 2010

Entrevista menos coletiva

A polêmica humorística da vez gira em torno da proibição, por parte da CBF, de deixar humoristas participarem de entrevista. Tá certo que qualquer empresa tem interesse em defender sua imagem de piadinhas, mas o pedido pelo veto teria vindo dos jornalistas.

Pegando carona no texto publicado hoje pelo humorista Tutty Vasques, do Estadão, assim como ele, me sinto dividido. Vamos por partes:

Recentemente, no meu twitter @RussoLogoExisto questionei qual é a piada em botar pessoas na porta da casa de uma pessoa de madrugada. Foi isso que o grupo Legendários [TV Record] fez com Dunga, pedindo Neymar na seleção. Achei, e acho esse tipo de humor desnecessário. Uma maneira de mostrar uma pessoa famosa de um jeito apelativo.

Isso é uma coisa...

Mas daí para banir humoristas de coletivas esportivas? Alguém me diga qual é a diferença entre o humorismo praticado pelo CQC, Rockgol, Casseta & Planeta e as coberturas esportivas superficiais e apelativas que se baseiam em factóides, escândalos, vendas, compras, time da vez...

Os senhores da seriedade no jornalismo futebolísticos desempenham muitas vezes o papel de comediantes [eu aqui lutando sozinho em defesa da obrigatoriedade do Diploma de Humorista, mas vá lá].

Quantas vezes o assunto não foi o peso de Ronaldo? Quantos já não levantaram ou empunharam o microfone para soltar os geniais "O que achou do jogo?", "Porque o time perdeu?" ou "O que você tem a dizer?"

E nos debates esportivos de "foi impedimento", "esse juiz meteu a mão", "esse fulano é um canalha" há alguma seriedade que justifique a lisura dos profissionais da imprensa frente ao profissional do riso?

Depois o Dunga ou Muricy é que são mal-humorados. Já pensou se você, jornalista, tivesse que aguentar as mesmas perguntas? Será que seu humor [no sentido de bom ou mau humor] aguentaria?

No meio de tudo isso, os humoristas extrapolam a barreira da cobertura esportiva cotidiana. Mesmo as piadas mais bobas com posições de jogadores ("atrás","enfiados" e afins) já revelam como a linguagem do texto "sério" é um pouco ridícula.

Se eles estão falando de travestis, peso, sexualidade e etc é porque alguém levantou a questão primeiro, remoeu e remoeu e agora quer que o colega que aproveitou o gancho fique do lado de fora da sala.

Humorismo é coisa séria! Ou pelo menos mais séria do que certas coberturas.

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