Fora o sotaque nordestino bem mais comum que o paulista, nas ruas vejo grupos de africanos conversando num idioma que eu não faço a menor ideia qual seja, japoneses, chineses e boliviano, sendo que os primeiros são os que mais me intrigam. O que faz uma pessoa arriscar a vida noutro lugar que usa outro alfabeto e que fala um idioma completamente diferente? É a crise. Claro, sem contar os turistas que vivem olhando para cima com suas máquinas fotográficas e para trás procurando os colegas de excursão mais lentos.
São Paulo mistura uma tecnologia que eu nem imaginava que fosse ver com um recorte do passado que eu pensava não existir mais. Há televisões em ônibus (na verdade passam slides, mas já um primeiro passo) exposições interativas e ainda existissem engraxates e lojas de máquinas de escrever. Sim, só de máquinas de escrever.
Eu não fazia ideia de quantos mendigos existiam em São Paulo. Vê-se até famílias inteiras nas ruas vestindo trapos e com um mau cheiro que se percebe há uns dois ou três metros de distância. Impossível não constatar: não se vê muitos cães no centro da cidade porque a concorrência com seres humanos por comido é desleal aos irracionais.
Por aqui se acha de tudo. Sem procurar, tropeça-se uma banda. Elas que são tão raras em Bauru. Há também uma efervescência política na Avenida Paulista, marchas, paradas, megafones na Praça da Sé.
O caminho pelas ruas do centro é uma sequência de abordagens, perguntas e afirmações. Vai comprar ouro? Eu leio sua mão, trago a mulher amada. O demônio está entre nós. Amigo, almoço por quilo é aqui. Tem um real? Onde é a Boa Vista?
Nas ruas ainda se vê emos e metaleiros, mas são mais comuns aqueles que misturam calça jeans, camisa branca com algum desenho ou frase, cabelos coloridos, jaqueta xadrez, óculos de armação grossa e de cor viva, ou com calça xadrez, camisa colorida, jaqueta jeans, ou dois desses quatro itens. Ou todos e mais alguma coisa. São de tantas tribos, muitas vezes de mais de uma. Ou às vezes de nenhuma.
São Paulo bem vale uma foto.
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