Você pode discordar, mas tem que admitir que ler isso te irritou profundamente. Há algo nesse adjetivo que nos atinge e nos insulta. "Conservador eu? De forma alguma". Na nossa cabeça, nós somos os liberais, os 'mente aberta' enquanto o outro não evolui no tempo.
Da mesma forma que encerrar uma discussão dizendo "Comunista!", "Hipócrita!" ou "Fanático", usamos nossa carta na manga "Conservador!". Como se a redução de uma discussão a esse termo não fosse simplista, superficial, ou quem sabe, conservadora. Ah, e pode ter certeza que a pessoa classificada como tal não vai gostar.
Provavelmente nem nos passe pela cabeça o que isso significa profundamente. Geralmente o conservador é quem age como se estivesse no passado. O termo se associa a monarquia, fanatismo religioso. Mesmo assim, o conservadorismo não é conceito fixo, definitivo. Aparece uma nova ideia, um conceito, e pronto, somos colocados no passado não-liberal.
Politicamente, o conservador é de direita. Mesmo que a classificação "de esquerda" tenha relação com um ideal do século XIX. O liberal (politica, cultura ou economicamente), ou o pensamento liberal, às vezes é tão conservador quando o próprio conservador, já que se forma em conceitos que não podem ser questionados. Certas vezes até mesmo colocar o liberalismo em dúvida parece um crime.
O choque de gerações também provoca essa dualidade. Os filhos acham os pais conservadores por causa de suas atitudes repressores ou opiniões de outros tempos. Os pais e avós acham os filhos conservadores porque não saber o que é lutar contra uma ditadura ou porque são acomodados.
Na mídia, taxamos a Globo ou a Veja de conservadoras quando não concordamos com suas reportagens ou opiniões. Se concordamos, ninguém lembra da linha editorial do veículo. Se algum veículo é mais (digamos) liberal do que nós, é só taxá-los de radical, comunista, partidário e tudo está resolvido.
Conservadores são os outros. E somos todos nós.
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