De repente surge uma polêmica envolvendo a norma culta da Língua Portuguesa: livros didáticos aprovados pelo Ministério da Educação afirmam que não há problema em misturar plural e singular do tipo "nós vai" na linguagem oral.
Daí em diante choveram críticas de supostos defensores morais do idioma, detonando o MEC por ensinar tudo errado para as crianças (sim, nossas pobres crianças).
O que acontece é que esses ataques partiram sem conhecimento de estudos linguísticos básicos que deixam claro: falar é diferente de escrever.
Isso quando a linguagem oral não altera a própria linguagem escrita. Ignoram, por exemplo, que o modo como nós escrevemos formalmente em 2011 seria ridicularizado caso fosse publicado ou enviado para um chefe em 1940, 1950. É que a língua se transforma, se adapta, e passa por alterações e ninguém escreve mais em cartas, relatórios ou reportagens "entregar-se-ia". Muitos outros termos que usamos agora como se fosses certos, eram errados em outros tempos: "clavo" virou "cravo" porque a própria estrutura do nosso aparelho fonador tem mais facilidade para pronunciar assim.
Ninguém fala do jeito que escreve. Leia uma página de jornal e tente imprimir a mesma lógica na sua fala do dia a dia e veja se não vão te olhar com cara de lunático que fala como nossos avós.
Quanto aos "erros de português", é claro que logo apareceriam referências ao presidente Lula, sendo que o MEC já previa esses "absurdos" em sala de aula no governo do letrado FHC.
Outro ponto dessa polêmica diz respeito ao preconceito linguístico que oprime quem fala como os pobres falam, ou quem não usa a norma padrão do português brasileiro paulistano-carioquês que na prática sequer existe.
Pra fechar, fica a recomendação dessa reportagem da Folha de São Paulo, com resposta do autor do livro Preconceito Linguístico, Marlos Bagno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário