Volta e meia voltam à tona os tais limites do humor, como se essa fosse uma área passível de delimitação. E a discussão voltou recentemente com o quadro Casa dos Autistas do programa Comédia MTV (melhor programa e humor da atualidade, na minha avaliação).
Querendo ou não, a essência do humor é o politicamente incorreto. De maneira negativa são retratados loiras, portugueses, cariocas, paulistas, baianos, negros, gays, judeus e muitos, muitos outros. No caso do programa citado, os autistas. Quando esse estilo cômico entra em conflito com o politicamente correto, cria-se a confusão. ONGs e Ministério Público entram com ação na justiça e humoristas formam uma corrente de camaradagem para se defenderem.
Falando do quadro do Comédia MTV propriamente: foi bem sem-graça. Não digo pela parte discriminatório, mas pelo lado cômico. Não havia nada de muito risível.
[Modo politicamente correto on] Infelizmente os redatores do programa erraram a mão. Repare que algumas piadas abordando o homossexualismo, os negros, ou os baianos geram revolta e outras não. Nesse caso, não havia muito jeito de não revoltar: além do tom exagerado e de ridicularização, o quadro teve uma longa duração. A intenção de fazer humor com esse tema polêmico era clara.
E vale lembrar que o humor sempre vai rebaixar alguém. Assim, as lutas de ONGs que abordam o autismo vão pelo ralo.
[Modo politicamente correto off] Agora perceba a sua vontade de assistir ao vídeo. Se você riu então, nem conte para ninguém. O humor "rebaixante"(inventei isso agora), pesado, politicamente incorreto parece ter uma facilidade maior em provocar o riso. Isso porque a própria proibição de se contar a piada acaba lhe entregando um charme a mais.
Apesar de pensar "meu Deus, que piada forte", nada te impede de rir. Ou mesmo de querer ouvir a piada. Veja os casos dos melhores representantes da piada de humor negro: Rafinha Bastos e Danilo Gentili. No entanto, dependendo do caso (e nesse do comédia MTV, é) a piada de humor negro só pode ser passada de pessoa para pessoa, principalmente para aquela pessoa que você sabe que não ficaria incomodada. Torna-la pública é um passo ousado, as vezes um passo quando se está a beira do precipício.
E bom, digamos que ninguém nas ONGs e no Ministério Público tem muita vocação para humorista. A discussão foi posta na mesa [de debate] e eles estão lá para defender seu segmento, ou a população em geral. Os humoristas estão ai para questionar e tentar empurrar esses limites morais com a barriga.
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E aproveitando que você não vai conter sua curiosidade e vai assistir ao vídeo, vale ver até o fim, já que os quadros do vendedor de tapete e a música do Caetano são ótimos.
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